Participantes do Seminário Centro-oeste do PAS |
Inserir o tema da 15ª Conferência de Saúde no Encontro
Regional de ONG/aids do Centro-oeste (Erong-CO), realizar uma reunião com os
fóruns de ONG/aids da região em Goiânia, sensibilizar ao menos dois
parlamentares para o tema e pautá-lo nos conselhos de saúde. Estas foram as
metas estaduais e regionais do Projeto Advocacy em Saúde (PAS) definidas em
seminário realizado na semana passada, em Brasília. Para chegar a essas metas,
12 ativistas dos quatro estados da região centro-oeste reuniram-se na sede da
Federação do Comércio do Distrito Federal (Fecomércio-DF) para o primeiro dos
cinco seminários regionais do PAS, projeto do Fórum das ONG/AIDS do Estado de
São Paulo (Foaesp).
No encontro, após a apresentação dos objetivos, metodologia
e ferramentas do projeto, pelo coordenador nacional do PAS, José Roberto
(Betinho) Pereira, o representante do movimento aids no Conselho Nacional de
Saúde (CNS), Carlos Duarte, brindou os participantes pontuando história da
epidemia de aids no Brasil no contexto do marco legal, dos sujeitos e
governança do Sistema Único de Saúde (SUS), pincelando a história do sistema de
saúde nos panoramas nacional, latino-americano e global.
O Conselheiro de Saúde Carlos Duarte fala de AIDS e SUS |
Em seguida, ao falar sobre as ações em DST/HIV/AIDS e Direitos
Humanos no âmbito dos Conselhos de Saúde nos termos da Lei nº 8142/90,
ressaltou os atuais entraves gerados por “resoluções, portarias e determinações
que provocam controvérsia de entendimento no CNS e no próprio Ministério da
Saúde”. Para exemplificar, Duarte citou Resolução de 2012 aprovada pelo
Conselho, sobre recursos não executados da política de Aids, que não foi
homologada pela pasta.
No debate, os ativistas discutiram a necessidade de
fortalecimento do movimento social “dividido, sem mobilização e sem
mobilidade”, que vise à capacidade de um advocacy
consistente. Questões sobre representatividade versus participação social, acesso universal versus cobertura universal de saúde, urgência de aumento robusto
nos recursos para a saúde e dificuldades de ampliação dos serviços públicos de
saúde impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Análise da política e
da incidência política - O coordenador da região Norte do PAS, Francisco (Kiko)
Rodrigues, emendou o acolhimento com uma análise da política de aids nos
estados do Centro-oeste e da incidência política regional por meio de uma
riquíssima troca de experiência entre os ativistas. Com uma única palavra, cada
participante procurou sintetizar o principal desafio na sua base de atuação. Em
seguida, foram estimulados a, da mesma forma, propuseram palavras-chave,
gerando, ao final do seminário, as metas estaduais e regionais.
O presidente do Foaesp, Rodrigo Pinheiro, explicou o que é
uma frente parlamentar, como atua e é formada. Segundo ele, na falta de uma,
como a Frente Parlamentar Mista de Enfrentamento às DST/HIV/AIDS do Congresso
Nacional e as de outros estados e municípios, é necessário que o movimento
social identifique parlamentares sensíveis à causa da aids. “A partir do
resultado do primeiro turno das eleições para deputados já será possível
identificar eleitos que possam compor uma frente”, provocou.
Pinheiro: "a partir do resultado do primeiro turno já será possível identificar eleitos sensíveis à causa da AIDS". |
Expectativas - “O movimento social precisa ser atualizado. As demandas são
outras e as necessidades só aumentam. Os seminários servem pra fortalecer o
movimento. Além de melhorar a integração entre os pares, requalifica a resposta
e a defesa da saúde.” Com essas palavras, o coordenador nacional do PAS,
Betinho, resumiu sua expectativa para o seminário.
Com expectativas superadas, para Evaldo Amorim, diretor da
ONG Elos LGBT do Distrito Federal e coordenador regional da ABGLT, o seminário
mostrou que está bem estruturado e com domínio do tema e da proposta. “O que a
gente precisa é que esse agrupamento formado aqui hoje cumpra as metas
estabelecidas para que o advocacy
seja de fato defendido.”
Betinho: "o movimento precisa ser atualizado. As demandas são outras e as necessidades só aumentam". |
A coordenadora regional do PAS, Márcia Ribas, acumulou expectativas
organizando o seminário. Além de primeiro de uma série, ela teve dificuldade de
localizar lideranças de alguns fóruns da região. “Mas pessoas que vieram me
surpreenderam. Elas são esclarecidas, entenderam a proposta do projeto e
promoveram um debate de excelente qualidade”, afirmou aliviada.
O alívio também foi garantido pelo Instituto Sabin, que
preside o Conselho Empresarial de aids (Ceaids-DF), e articulou a sala de
reuniões do Instituto Fecomércio-DF, onde o seminário foi realizado. Passada a
tensão inicial, “minha expectativa agora é que no monitoramento a gente consiga
implementar o projeto na região. Há algumas dificuldades bem fortes, mas nenhum
impeditivo”, disse empolgada.
O seminário do PAS para a região Sudeste começa nesta
quarta-feira (06), na sede do Sindicato dos Comerciários, em São Paulo.
Ativistas dos quatro estados da região reúnem-se até quinta-feira para definir
as metas estaduais e regionais de atuação do projeto.
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